Para
reiniciar “O CAMIR do Mês”, nada melhor que José Martins, treinador, dirigente,
ex-seleccionador Nacional das equipas femininas e principalmente o grande
responsável pela prática de hóquei em Mirandela.
Camir
– Zé, vamos falar um
pouco do surgimento do hóquei em Mirandela e também conhecer mais a tua pessoa. Fala-nos como surgiu a
tua relação com o Clube e desde quando o clube faz parte de ti?
Zé – A minha relação com o CAMIR surge no
seguimento da mudança das secções de hóquei e do atletismo do SC Mirandela para
o Clube Amador de Mirandela. Confesso que era pouco conhecedor da história
deste clube (o que não é fácil, porque sou um apaixonado pelo desporto e pelas
colectividades da minha cidade) mas como este clube esteve “adormecido”
durante alguns anos, deu-me muito prazer ajudar a reerguê-lo. Estou por isso,
orgulhosamente ligado ao CAMIR (umas vezes mais activo que outras) desde 2005.
Camir
– Como é que apareceu o
teu interesse pelo Hóquei?
Zé – Apareceu em 2001, participei numa
formação, cujo tema era “Hóquei, modalidade olímpica” e assisti à fase final do
Campeonato Nacional de Hóquei em sala feminino. Confesso que fiquei fascinado
pela complexidade do desporto que estava a assistir. Uns dias mais tarde, fui
convidado pelo Prof. Paulo e pelo senhor Rodrigues (à data presidente da AHNT)
para “assumir” e tentar impulsionar o hóquei. Decidi aceitar o repto e a
prática da modalidade foi sendo divulgada e cativando cada vez mais
adeptos/praticantes.
Camir
– Sabendo que o Hóquei em
Mirandela surgiu dos praticantes de atletismo, como é que o hóquei foi ganhando
maior expressividade em relação às outras modalidades do Clube?
Zé – O atletismo sempre teve na nossa
cidade um lugar de destaque. No entanto, esta nova modalidade começou a cativar
mais, lembro-me que às quartas-feiras eu dava treino de hóquei das 16h00 às
18h00 e tinha sempre para cima de 30 miúdos e miúdas a participar. Foi o primeiro
passo para a mudança…
Camir
– Agora um pouco afastado
daquilo que mais gostas, devido à tua vida pessoal/profissional, podes
contar-nos quais foram os momentos que te marcaram no CAMIR?
Zé – Bem, escreveria letras sem fim tais
foram os bons momentos que aqui passei junto da minha segunda família. Todos os
atletas sem excepção me marcaram, hoje sou ainda capaz de nomear todos aqueles
pequenos mirandelenses que experimentaram dominar a bola apenas com a parte
plana do frágil stick que lhes era passado para a mão. Lembro-me das expressões
faciais deles, quando eu lhes fazia segurar o stick com o rolo do papel
higiénico… enfim, muitas recordações, a fantástica equipa de iniciados
masculinos no ENNA de sala em Guimarães, a fantástica equipa de iniciadas femininas
no ENNA de Oeiras (que deu o primeiro titulo) a dedicação das mais velhotas que
sempre se dedicaram ao máximo e ainda hoje correm atrás do sonho que sempre
almejaram (vencer um Campeonato Nacional de Sala), mas aquilo que mais me
marcou foi a conquista para o clube de uma sede própria e o recuperar de todos
os troféus “escondidos” numa sala escura até àquela data, ou seja, foi o
recuperar de toda a história de conquistas do clube.
Camir
– Fala-nos um pouco da
tua experiência como Seleccionador Nacional, certamente que foi bastante enriquecedora a nível de conhecimento e aperfeiçoamento na modalidade. Podes
contar-nos essa experiência?
Zé – É sem duvida o meu ponto mais alto.
Consegui sentir de perto o topo do hóquei
europeu. Percebi que ao hóquei feminino português faltava ainda muita coisa
para poder ombrear com os “Colossos” da velha Europa. Obrigou-me a ser mais
curioso, mais estudioso e mais metódico.
É certo que do ponto de vista dos
resultados, pouco ou nada consegui porque o denominador comum era a derrota e
essas assumo-as como minhas. Não sou o tipo de pessoa que gosta de se
vangloriar pelos feitos obtidos, esses são sempre responsabilidade das atletas.
Por isso aquilo que mais recordarei desta experiência é a forma como quase
todas as atletas se entregavam ao trabalho para conseguirem sempre melhores
resultados.
Camir – Continuas a acompanhar a vida
do CAMIR, como é feito esse acompanhamento e como tens visto a continuidade do
Clube?
Zé – Sim é óbvio que continuo a acompanhar
a vida do CAMIR. Faço-o através do facebook e do blog, bem como, sempre que me
é possível faço-o “ao vivo”.
Sei que o clube passa por algumas
dificuldades, mas com a vontade de todos (que são sempre poucos) tudo se
encaminhará. Fico com a sensação que a equipa sénior masculina tem obrigação de
fazer mais.
Camir
– Perspectivas um
regresso a Mirandela e ao CAMIR?
Zé – É uma resposta que tem
obrigatoriamente de ser afirmativa. Mirandela é a minha cidade de eleição e
sonho sempre um dia voltar, relativamente ao CAMIR vocês sabem que estou sempre
disponível para ajudar.
Camir
– Falamos um pouco sobre
ti.
Zé – Tenho por norma deixar que sejam os
outros a falar de mim…
Saudações hóquistas,
Camir.