Alexandre José, antigo treinador/jogador do Camir, a quem apelidamos de "Alex dos 7 ofícios" é o nosso Camir do mês.
Camir - Alexandre, aqui vão abordar-se diversos temas relacionados com o clube, com a nossa secção e obviamente desvendaremos um bocadinho da pessoa que tu és.
Camir – Tens
já alguns anos de hóquei. Começaste por ser árbitro, depois treinador e ao
mesmo tempo dirigente e jogador. Partilha connosco alguns momentos da tua
história.
Alexandre José
– Sim, podemos dizer alguns anos, uma vez que nem sei ao certo… Sempre estive
ligado ao desporto de uma forma geral… Director de futsal, juíz de atletismo...
E foi quando desempenhava esta última função que o meu amigo “Zé” Martins me
propôs para fazer o curso de arbitragem de hóquei em campo… No início ri-me,
uma vez que nem a modalidade conhecia… Mas aceitei o desafio, depois de
explicar que era uma nova modalidade que em Mirandela surgia e poderia ser um
dos pioneiros a ajudar a implementa-la, o que me seduziu … O curso teve como
preletor o Luís Terêncio, pessoa que não conhecia, mas foi uma das muitas
pessoas que o hóquei me trouxe, pela positiva, pois uma grande amizade começou.
Comecei por arbitrar alguns jogos nas camadas jovens “pela terra”, mas logo no
ano seguinte alguém me perguntou se tinha gostado da experiência e se queria
continuar, ao que prontamente respondi sim, e nesse mesmo ano estive presente
em quase 60 jogos entre “miúdos e graúdos”, pois fiz todo o campeonato das
camadas jovens da associação de Hóquei do Porto e Nordeste, iniciando-me com as
ditas “trutas” (seniores) em Lousada com o nosso único árbitro olímpico Pedro
Teixeira que me apadrinhou… Depois disso estive presente em vários campeonatos
nacionais. Arbitrei ainda um match-game da selecção de seniores em Lisboa com o
Rogério Teixeira, mas curiosamente o jogo que mais gostei não foi algum de seniores…
mas a final do primeiro EN.NA no Barreiro. Fica só a mágoa de nunca ter tido
uma oportunidade de me tornar internacional.
Como
treinador a experiência foi menor, mas sem dúvida a que mais me marcou… Uma vez
mais, o Zé Martins está presente nesta minha nova etapa, ainda que agora
indirectamente… O Zé, professor de profissão, foi colocado longe da sua área de
residência e teve de colocar entre parêntesis a sua ligação ao Camir. Na
sequência, o Luís Barros, já seccionista do clube procurou-me e ofereceu-me o
lugar nada fácil do Zé… Nada fácil porque a fasquia era demasiado alta… Treinador
da equipa feminina… Bem, tive medo, pois toda a gente sabe como são as mulheres
(risos) … No entanto, foi das melhores experiências que encontrei a nível de
camaradagem e amizade. Foram 2 anos intensos que me fizeram também crescer.
Realço ainda as oportunidades dadas pela federação, tais como o curso na
Alemanha e o acompanhamento a Madrid com a Seleção Nacional Feminina aos C.A. de Espanha
sub-16. A primeira acompanhado pelo Luís Barros e a segunda com o Zé… Nada é
por acaso….
Camir – Foi
fácil conseguir conciliar e desempenhar todos os cargos dos quais estavas
incumbido? Fala-nos sobre essa experiência.
Alexandre José
– Não digo difícil, mas menos fácil, pois tudo o que realizei foi por gosto e
nunca contrariado. Mas admito que as vezes a vontade ou motivação não eram a
100 %. Muitas viagens… Cansaço acumulado… Palavras menos bem colocadas… Mas
tudo se supera... E hoje… Hoje, voltaria a fazer tudo da mesma forma.
Camir – Sabemos
que és muito emotivo e que vives intensamente aquilo em que acreditas. Qual ou
quais os momentos mais marcantes na tua passagem pelo Camir?
Alexandre José
– Sim… É um facto…. Acho que quem preparou esta entrevista fez bem o seu
trabalho de casa… (risos). Todos sabemos que há momentos que só pela sua força
de ser não passam despercebidos a pressões e por isso sem dificuldade marcam
qualquer agente desportivo, falo logicamente de certos jogos como fases finais
ou mesmo finais. Destaco a final perdida pelas sub-16 em sala, assim como a
final ganha pelas mesmas. Todas as fases finais de sala das seniores femininas. Mas
sobretudo os momentos que se viveram aquando desses jogos… O antes, o durante e
o depois.
Camir – Ficou
alguma coisa por fazer, algum sonho por concretizar?
Alexandre José
– Claro que sim… Há sempre sonhos… Nem que seja o de ir cada vez mais longe… Mas acredito que elas conseguirão o título de campeãs nacionais de sala, no
escalão de seniores femininos… Com muito trabalho e se conseguirem manter-se
juntas, acho que poderão chegar lá… Mas a vida é feita de opções e de
sacrifícios…
Camir – A
vida decidiu mudar-te o rumo dos acontecimentos e levou-te para outras paragens
(Paris). Estás a tirar a carta de taxista e darás certamente muitas boleias aos
transeuntes parisienses. Curiosidade ou não, já aqui no clube te tratavam como
o Alex dos 7 ofícios, “pau para toda a colher” pela tua disponibilidade. À distância continuas a acompanhar o
dia-a-dia do Camir? Como vês a secção? Alguém te marcou neste clube? Queres
deixar algumas palavras para alguém? Nunca houve uma despedida. Está no teu
horizonte voltar a trabalhar connosco ou é mesmo verdade que não gostas de
despedidas?
Alexandre José
– É verdade… Como disse na resposta anterior, a vida é assim feita, de opções e
sacrifícios… Mas pronto, já aprendi a encarar que nada muda, mas adaptamo-nos, e por isso continuo, naturalmente a seguir o hóquei nacional em geral, e claro
está, o Camir em particular… Através da internet isso hoje em dia torna-se
muito acessível. Toda a gente neste grandioso clube me marcou de uma maneira ou
de outra…sobretudo as raparigas (Teresa Nogueira, Nelma Dias, Inês Gonçalves, Cláudia Ramos, Maria João,
Daniela Assis, Rita Gomes, Carla Rodrigues, Ana Maria, Ana Luísa, Ilinca Bordeniuc, Abigail Ferreira, Ritinha Pinto, Soninha pinto e Cátia Pinto) e claro
que toda a gente sabe que há uma pessoa que toca especialmente no coração… poderia
dizer que pela sua personalidade, disponibilidade para os amigos…etc., etc., etc. E decerto, que qualquer pessoa estaria de acordo comigo… Como eu, ela
entrou no meu ano de treinador e a sua evolução foi tão notória que nesse mesmo
ano chegou à sua primeira internacionalização, a sua garra, determinação e
força de vontade fez com que no ano seguinte em conversa com o Luís me
dedicasse mais aos guarda-redes e ele às equipas… Toda a gente sabe que falo da
Ana Guerra "Isa" No entanto, há um rapaz que me surpreendeu muito… num determinado treino
pediu-me ajuda para que no ano seguinte se encontrasse na baliza da seleção
sub-16 e o “Bolinhos” conseguiu…
Em relação
a despedidas…não há!… Há afastamentos…e um até já….
Camir – E
tu? Quem és, fala-nos sobre ti.
Alexandre José
– Eu, sou aquele que todos vós conheceis nem menos nem mais… um exagerado… mas sentido!
E que se encontra aqui para qualquer um de vós como sempre !!...
Saudações
hóquistas,
Camir.